Dia desses levei minha câmera fotográfica para a escola. A ideia inicial era fotografar as crianças nas atividades e brincadeiras para posteriormente fazer um painel ou coisa parecida. E assim segui, ao longo da tarde, tentando esquivar minha máquina dos dedinhos inquietos dos bebês. Então subi para a sala das crianças de 3 e 4 anos. Lá, ao ver minha máquina, Giovana veio mostrar a da sala, uma câmera de brinquedo. Depois me pediu para ver minhas fotos. Marina se aproximou com outro propósito, ela queria tirar fotos. Então, com um pouco de aperto no coração (daqueles que a gente sente quando solta um filho no mundo, mas sabe que tem que fazê-lo) eu sentei Marina no meu colo e expliquei como funcionava a máquina. Ela foi ouvindo com atenção e iniciou os disparos. Observava as imagens obtidas e eu ia dando uns toques sobre enquadramento (sem usar essa palavra esquisita). Logo, outras crianças também pediram para sentar no meu colo e fotografar. Algumas crianças ouviam o passo a passo atentamente, outras apertavam o obturador sem mirar, pelo simples prazer de ouvir o som do clique. Somos assim né, nos interessamos pelas coisas de maneiras diferentes e por motivos diferentes. No final, soltando ainda mais a mão desse filho que sai de casa, entreguei a máquina nas mãos de Marina. Coloquei a correia no pescoço dela e ela foi tirando suas fotos pelo parque. E eu, orgulhosa, tive o prazer de registrar esse momento. No fim, gosto mais das imagens dela do que das minhas. Meu apego às técnicas e enquadramentos fazem imagens bonitas, daquelas que nossos olhos gostam de ver (gostam porque se acostumaram assim). O frescor do novo das crianças gera imagens inesperadas, daquelas que despertam curiosidade, que olham para lugares que nós adultos já deixamos de olhar.
Texto de Mariama Palhares
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